quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Natal...

Todo dezembro me bate uma melancolia terrível, o Natal vem chegando. Ruas, casas, edifícios, tudo decorado pro Natal e tudo lindo... A Avenida Paulista é um dos poucos motivos pelos quais eu gosto ainda de São Paulo e no Natal então fica linda de viver, sim, de viver, porque morrer não combina nada com a palavra “linda”.

As pessoas parecem que mudam também, ou melhor, não mudam, mas têm crises súbitas de consciência, agindo melhor com as pessoas ao redor, fazendo algumas boas ações como levar brinquedos para crianças carentes. Eu vejo o lado bom disso sim, antes ser assim por 1 mês no ano que não ser nunca.

Mas o meu maldito ou bendito, perfeccionismo me faz ver algumas dessas atitudes como uma grande e sórdida hipocrisia. Se é bacana agir assim em 1 mês, porque não agimos sempre? Poderia ser melhor, sempre pode. De que adianta ir na missa de Natal se quando você sai de lá você já está falando mal de muitas das pessoas que conhece e fazendo o mal a essas pessoas também?

Ao longo dos meus 26 anos talvez eu tenha me tornado uma pessoa cética demais e isso que ainda sou “jovem”, embora eu não ache... Já não acredito em Papai Noel e menos ainda nos filhos deles.

Bom, mas no Natal tem os presentes e isso é ótimo, assim como a ceia. Sim, eu gosto de ganhar e de dar presentes e por incrível que pareça, fico mais contente quando compro um presente a alguém do que a mim mesma, gosto mesmo de dar presentes, e amo a ceia de Natal. Mas...sim, meu maldito perfeccionismo novamente, é nascimento de Jesus, é isso que deveria se comemorar e não trocar presente por trocar. Embora minha religião seja diferente da que a minha família segue, religião me remete a família e família vem sempre em 1º lugar pra mim. Nos tempos de hoje me digam, quantas famílias se reúnem no Natal? Digo reunir a família toda ou a maior parte dela. Conheço pouquíssimas. A minha família sou eu, meus pais e meu irmão. As famílias são muito desunidas atualmente, é só briga, interesse... E quanto aos presentes, eu gostaria de poder comprar muitas coisas pra minha família, a maior parte de coisas que eles estão precisando muito, mas não posso e isso, nesse mundo consumista de hoje, nessa data que exploram o consumismo ao extremo, por mais que eu tente me abster, me dói um pouco.

Enfim, vai chegando o Natal, e por mais que essa melancolia e ceticismo me dominem eu tento passar uma noite e um dia bacana, acreditando que uma hora eu possa gostar mais do Natal (mesmo que a melancolia que me acompanha desde sempre nessa época continue aqui, acho que sou emotiva demais, será?). Afinal, a esperança é uma das coisas mais desejadas no Natal e sem ela nossa vida seria muito chata não?

Que todos tenham um bom Natal, cheio de paz, amor, prosperidade e acima de tudo esperança. Que Deus ilumine todos nós nessa noite e sempre.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Quase

Ainda pior que a convicção do não,
É a incerteza do talvez,
É a desilusão de um quase!
É o quase que me incomoda,
Que me entristece,
Que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga,
Quem quase passou ainda estuda,
Quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos,
Nas chances que se perdem por medo,
Nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna.
A resposta eu sei de cor.
Está estampada na distância e na frieza dos sorrisos,
Na frouxidão dos abraços,
Na indiferença dos "bom dia", quase que sussurrados.
Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz.
A paixão queima,
O amor enlouquece,
O desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor.
Mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio-termo,
O mar não teria ondas,
Os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina,
Não inspira,
Não aflige nem acalma,
Apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Para os erros há perdão,
Para os fracassos, chance,
Para os amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque,
que a rotina acomode,
que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando...
Fazendo que planejando...
Vivendo que esperando...
Porque, embora quem quase morre esteja vivo,
Quem quase vive já morreu.


Luiz Fernando Veríssimo

Porque, definitivamente, meu objetivo em 2011 é fazer com que seja muito mais que esse ano, que passe dos "quases" que vivi por tantas vezes em 2010 e que tanto me angustia...